Não se fazem mais funcionários como antigamente

  Atualmente poucos profissionais vestem a camisa da empresa. A geração Y não é tão apegada a empresa. Eles fazem parte de uma geração dos encontros casuais e fugazes, onde tudo ocorre de forma rápida e superficial sem compromissos e apegos. A geração Y não quer compromisso quer liberdade.

O capitalismo adquiriu sua plena expressão através da industrialização.As empresas exigem funcionários comprometidos, mas historicamente as empresas nunca foram comprometidas com seus funcionários. A exploração do trabalho infantil, as longas jornadas de trabalho, ausência de equipamentos de segurança, ambientes insalubres, baixo salário, autoritarismo, tudo isso era comum durante a revolução industrial.

No decorrer do século XX, muitos direitos foram conquistados, criando melhores condições de trabalho e, inclusive, leis que protegem os trabalhadores. Isso proporcionou uma relação mais amistosa entre empregado e patrão. As empresas começaram a investir nos funcionários estabelecendo uma relação de troca, no qual as empresas eram comprometidas com seus funcionários e funcionários eram comprometidos para com as empresas onde trabalhavam. Até bem pouco tempo atrás ‘’investir’’ em funcionário significava oferecer cursos, planos de saúde, creche, ambiente seguro e salário atraente. Não se sabe ao certo quando e quais motivos levaram esse comprometimento começar a ruir. Muitas empresas já sentem que não se fazem mais funcionários como antigamente.

Alguns especialistas apontam que uma das causas do descomprometimento da geração Y é o processo de globalização, no qual impôs a muitas empresas o lema ‘’fazer mais com menos’’ promovendo a demissão de milhares de pessoas nos últimos anos.

As pessoas que dedicaram suas vidas, às vezes a beira de uma aposentadoria, se viam dispensadas. È bem provável que essas mesmas pessoas tenham aconselhado aos seus próprios filhos (geração Y) a não serem dedicados a nenhuma empresa. A industrialização define fortemente a era contemporânea e o mundo em que vivemos hoje é fruto direto dela. As relações sociais atuais são determinadas pela forma como se estrutura o trabalho e a luta pela sobrevivência.

Se uma pessoa trabalha em uma empresa em que não confia, onde não tem a visibilidade de um futuro a tendência é que não se comprometa mesmo. Atualmente o funcionário vende sua força de trabalho quando for interessante para ele. Já as empresas permanecem com um funcionário quando lhes for interessante. Essa troca de interesses é visível, assim como as relações amorosas e de amizade hoje em dia.

A globalização é responsável por transformar as pessoas descartáveis. A geração X demitida carregou a ira e a magoa de ter sido descartada pelas empresas e transmitiu novos valores para a geração Y.  Tudo gira em torno do dinheiro e  das oportunidades. Talvez isso explique o porquê de algumas pessoas que por qualquer aumento de dez ou vinte reais deixam sem pestanejar as empresas atuais.