È ter diploma e registro no conselho? A graduação em Administração caiu no gosto popular como curso das pessoas indecisas. Quem não sabe que curso fazer ou almeja outro e não conseguiu passar no vestibular para uma graduação mais concorrida optou por fazer Administração.
Infelizmente a maioria opta pelo curso acreditando na maior possibilidade de ingressar no mercado de trabalho. O problema não é ser administrador, mas avaliar quais as opções de mercado que a profissão oferece. Realmente, as opções são ilimitadas, afinal o ato de administrar está presente em todas as atividades profissionais. È por isso, que muitos graduados em administração se deparam com vagas e salários equivalentes a nível médio. O estudante em administração tem a idéia de associar administrador a chefe, líder, coordenador, gerente, executivos ocupando altos cargos e salário bastante atraente.
A maioria esmagadora dos formados em administração ocupa função de vendedor, representante comercial, corretor, promotor de vendas da Natura, Avon, auxiliar administrativo, secretária, operador de telemarketing, recepcionista, bancário, auxiliar contábil, estoquista, dentre outras atividades. E essas atividades classificadas de subemprego contêm e muito das funções administrativas. Afinal, qualquer pessoa tem o potencial em administrar qualquer coisa seja de funções mais simples a complexa. Quanto maior a escolaridade para executar essas atividades aparentemente simples melhor para o empregador.
Hoje é cada vez mais presente em diversas áreas profissionais o planejamento, a organização e o controle das atividades em qualquer emprego. Talvez, a procura pelos cursos em administração seja uma exigência do empregador para que o empregado execute suas atividades com maior êxito, visando alcançar um melhor resultado. Essa exigência não tem necessariamente a ver em ser registrado no Conselho Regional de Administração para exercer o cargo de gerência. Mesmo havendo fiscalização do CRA não haverá respaldo que uma pessoa formada e registrada no conselho é mais competente do que uma pessoa sem formação em Administração. Talvez, esse seja o grande imbróglio da graduação em Administração. Qual o parâmetro em obrigar o empregador contratar pessoas com formação e registradas no CRA? Pelo fato de ser uma lei simplesmente basta? O empregador quer saber que o funcionário alcance o resultado não importa se ele é ou não administrador. Qual a garantia que uma pessoa formada e registrada é um excelente profissional? Afinal, o CRA ofereceria alguma garantia as empresas desse discurso? Cumprir apenas, porque é uma lei não faz nenhum sentido para o empregador, uma vez que a competência e o desempenho do profissional não estão mensurados na lei. A má gestão em algum momento já foi penalizada em nosso País? A sociedade já puniu políticos por improbidade administrativa? Afinal, políticos também administram, planejam, executam e controlam nosso País.
Professores, jornalistas, médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, enfermeiros e muitos outros profissionais aplicam parte de sua rotina trabalhista aos princípios de planejar, dirigir, organizar, controlar e executar suas atividades sem ter necessariamente um diploma de administrador ou status de chefe, líder, coordenador ou executivo. A excelência em administrar não está associado a graduação, mas ela nos dá apenas a expectativa de que podemos executar melhor que os demais, apenas isso.
Sempre existiu e existirão profissionais executando funções administrativas, pois nenhuma profissão é somente o executar. Direta ou indiretamente cada vez mais profissionais de outras áreas tem maior autonomia para planejar, organizar, executar e controlar seu trabalho apresentando ao empregador o resultado no final do mês. A realidade está aí para provar que grandes líderes não passaram necessariamente pela universidade ou fizeram administração para torna-se um. Basta considerar alguns exemplos mais notáveis: Jack Welch, eleito pela Fortune o administrador do século, não mostrava nenhuma inclinação específica para os negócios, nem mesmo quando já contava 20 e poucos anos. Ele não se formou em administração, nem em economia, mas em engenharia química. A General Electric sofreu um grande crescimento e expansão sob a liderança de Jack Welch. Se fosse hoje o CRA pediria que a GE trocasse Welch por outra pessoa formada e registrada?
Para aqueles que andam descontentes com as opções ilimitadas de ‘’administrar’’ a opção menos pior é ser servidor público. Há vários concursos, onde só basta ter nível superior. Porém, basta que o candidato decida-se qual o cargo que deseja para não incorrer no mesmo erro da graduação. Hoje em dia ter um diploma na mão é vendaval e administrar é encontrar solução para os dilemas da profissão. Ser administrador é ser tudo e não ser nada. A situação dos administradores equipara-se ao jornalista. Para ser administrador ou jornalista precisa de diploma?
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