segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

È preciso aprender a pensar



O sistema de ensino brasileiro vive de formar pessoas teóricas afastadas das questões diárias. O acúmulo de conhecimentos na maior parte das vezes é inútil. As instituições de ensino estão isoladas em universo de conceitos que não consideram a vida, ao contrário, buscam substituí-la por uma intelectualidade abstrata e distante.

A ausência de pensamento crítico, de experimentação e de criatividade em nosso sistema de ensino se sustenta na passividade do aluno e no poder do professor. O acúmulo do conhecimento é pautado na repetição dos conceitos. O professor fala e o aluno copia. Uma das maiores razões de sofrimento entre as pessoas, resulta do fato de se submeterem a conceitos equivocados, por não saberem nem mesmo o que é um conceito. Aprendemos determinados conceitos que nos chegaram prontos, mas não fomos estimulados a elaborar, inventar, construir conceitos e relacioná-los.

Aprender a pensar exige técnica desenvolvendo no aprendiz a habilidade em interpretar, observar,  analisar, avaliar e criar ideias, raciocínios e argumentos. Temos que aprender a pensar até adquirir a sofisticação de um mestre. È por isso, que aprender a pensar deve estar presente desde cedo na educação, para que jovens aprendam a pensar com suas próprias idéias e palavras. Nas escolas e universidades a maioria não tem ideia do que seja isso. Precisamos resgastar o prazer de ver uma questão sob diferentes perspectivas, perceber o que se manifesta e o que se oculta, onde se desdobra e em que circunstância e posteriormente emitir um juízo de valor.

Um aprendizado não acontece de fato se não implicar no aprendiz um envolvimento. Ao invés de valorizar a potencialidade de cada aluno, a escola se relaciona com os alunos como classe, grupo, massa, não como indivíduos. O modelo escolar predominante no Brasil foi marcado por dois fatores, a industrialização tardia e o regime militar. Nosso modelo escolar se inspirou na linha de montagem de uma fábrica fragmentando o ensino em diversas disciplinas sem conexão uma com as outras e a realidade. Isso ocorreu com o objetivo de produzir mão-de-obra em massa para suprir a indústria que estava nascendo. A escola para todos, é uma escola de massa que tinha como alvo formar trabalhadores, especialmente para a indústria. Nesse modelo de ensino havia uma utilização excessiva da história nas formações curriculares e uma total ausência de um estudo presente. Aplicar o método histórico é mais fácil e cômodo para o professor, especialmente porque exige pouco do aluno. A ideologia do regime militar era avesso a críticas e reflexões e cultuava a disciplina, ordem e passividade.

O ensino voltado ao ‘’científico’’, movido pela euforia tecnicista, disciplinas sem conexão entre si e sem contexto nos levaram a uma sociedade que desaprendeu o valor do todo. Nos tormanos cada vez mais desvinculados das grandes questões humanas tais como: quem somos, de onde viemos e o que buscamos. Vivemos uma parcela pequena da realidade, porque desde cedo fomos condicionados a ser avesso à reflexão e a crítica do que acontence a nossa volta.

Carregando a herança do regime militar, a educação brasileira atualmente já não satisfaz ninguém: nem alunos, nem professores, nem gestores, nem as cidades e nem o mercado de trabalho. Sem perspectivas diante dos inúmeros desafios do mundo atual a educação brasileira chegou ao fundo do poço. Os altos índices de evasão escolar, os baixos rendimentos dos alunos, a baixa qualificação dos professores, a insatisfação salarial dos professores, o desinteresse, a falta de estímulo e a violência escolar revelam a exaustão do ensino brasileiro e a necessidade de reconstrução.

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