terça-feira, 8 de novembro de 2011

È possivel vivermos em harmonia convivendo com o capitalismo?


A ganância significa querer em excesso, querer mais, sempre mais. Significa queremos mais do queríamos no começo, ou mais do que seria justo esperar. Significa perdermos o controle dos nossos desejos. A ganância é a prima do comprismo. O ‘’comprismo’’ é caracterizado pela compra de mercadorias que não chegam a ser consumidas, ou é tão pouco consumida que não justifica a sua compra. Esta é realizada apenas pelo prazer momentâneo da aquisição, ou seja, pela satisfação do ato da compra. Essas mercadorias são, em geral, novidades ou apresentam algo de diferente, têm uma forte atração visual, usa ardis de cores, formas, materiais. Possuem forte influência do marketing e da propaganda, subterfúgios para o aumento da reprodução e acumulação do capital, que além de criar novas necessidades de consumo criam a necessidade e o bem-estar da compra, as quais podem se tornar inesgotáveis.

È da natureza humana querer sempre mais. A ganância está entranhada na mente humana. A maioria de nós a tem em altas doses e arrancá-la não é fácil. Conseguindo dominar a ganância, através do autocontrole podemos conviver em harmonia com o capitalismo. Todo animal na face da Terra tem o instinto de buscar comida, um lugar para viver e procurar meios de autoproteção. Isso é o que nos difere das demais criaturas, pois nossos desejos são mais complexos e complicados. Essa busca pela realização dos nossos desejos faz parte do nosso instinto de sobrevivência. O consumo descontrolado e enloquecido a ponto de invalidar suas finalidades legítimas chama-se ganância.

Não é fácil parar quando estamos ganhando dinheiro. Não devemos nos deixarmos sermos seduzidos pelo poder do dinheiro. Precisamos saber o quanto de dinheiro é o suficiente para termos uma qualidade de bem-estar material. Para isso, precisamos ter bom senso em admitir que a realização de tal desejo é impossível, quando estamos sob o domínio da ganância e/ou consumismo.Precisamos viver uma vida sabendo o quanto queremos ganhar. Precisamos saber o quanto é o bastante para nós. Antes de começarmos a corrida profissional é preciso definirmos a linha de chegada. Isso facilita como queremos viver nossa vida com muito dinheiro e sem ou pouco tempo ou equilibrando tempo e dinheiro.

Entrar em harmonia com o capitalismo não significa rezar, pois ninguém possui dinheiro rezando. Não existe nada que prove que o ser Supremo esteja se importando se morreremos rico ou pobre. Na verdade, a Bíblia diz que, do ponto de vista da manutenção de alma sabiamente cristã ou judaica, ser pobre é até melhor. Muitas religiões orientais dizem a mesma coisa. Independente de nossas crenças Deus e outras entidades sobrenaturais não precisam de alimento, moradia, lazer, vestuário, transporte, etc. Sendo assim, precisamos trabalhar para garantir nossas necessidades e desejos através do dinheiro. Apesar de padres, pastores e rabinos dizerem às pessoas que não devemos rezar pedindo dinheiro muita gente reza pedindo uma solução financeira a seus problemas. Muitas pessoas piedosas acreditam ser beneficiárias de alguma apólice celestial: ‘’ Deus me ajudará’’. Não devemos contar com isso, pois o ser Supremo não se preocupa como nosso saldo bancário. Nossos prolemas financeiros só são nossos.

Nossa sociedade acredita que o dinheiro é mais importante hoje do que foi no passado. Segundo um levantamento mundial feito pela Ipsos, multinacional francesa de pesquisa, 65% das pessoas ao redor do mundo têm essa visão. Entre os brasileiros, o índice sobe para 70%, e entre os coreano, chineses e japoneses, a 85%. A pesquisa revela ainda uma minoria nada desprezível de 48% dos brasileiros que acreditam que o dinheiro é o maior sinal de sucesso. O que faz crescer a importância do dinheiro para as pessoas é a busca pelo status que ele traz. As pessoas querem ser respeitadas, reconhecidas em seus grupos. E, principalmente, é preciso comunicar rapidamente este status, com o que o dinheiro pode comprar.

Muitas pessoas que acumularam um enorme patrimônio se questionam ter ganhado tudo o que queria e não estarem felizes. Nossa sociedade glorifica a falta de tempo, mas no fundo ter sucesso é ter tempo. Lentamente, algumas pessoas caminham para uma vida mais simples, na qual não se glorifica o dinheiro, mas também não se repudia. Por outro lado, a maioria das pessoas vivem uma busca incessante para ter milhões, mas no fundo há um grande vazio nessa meta. Afinal, por que queremos muito dinheiro? È provável que muitos não tenha uma resposta plausível para uma meta tão gananciosa. Portanto, viver em harmonia com o capitalismo exige repensar no que ele está trazendo para nós e o que há por trás da moeda.

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