quarta-feira, 20 de julho de 2011

Afinal, o que é educação? Parte III



Talento o que será? Temos uma crença de que esse conceito está ligado ao ''dom natural''.Se acreditarmos que pessoas sem um talento natural para determinada atividade jamais serão boas ou, na pior das hipóteses, jamais terão condições de concorrer com quem possui um talento específico.Acabaremos aconselhando que nossos filhos façam outra coisa.  Induzimos nossos filhos a abandonarem o interesse que demonstram por arte, tênis, economia , dança,ou chinês porque, pelo que pudemos observar, não detectamos neles sinais evidentes de talento nessas áreas ou por que não imaginamos que essas áreas possam lhe garantir um bom retorno financeiro no futuro. Nos negócios, vemos constantemente os gerentes redirecionarem a carreira de seus subordinados movidos pela frágil evidência de alguma coisa para a qual eles teriam “jeito”.

Trata-se de um ponto de vista profundamente arraigado, com uma importância enorme para o nosso futuro, para o futuro de nossos filhos, de nossas empresas e das pessoas que nelas trabalham. É extremamente importante compreender a realidade do talento. É preciso saber muito bem o que queremos expressar com o termo ''talento''. As pessoas costumam utilizá-lo quando querem se referir simplesmente a um desempenho fabuloso, ou a alguém com desempenho extraordinário.

Reter talentos, é um tema de extrema importância para muitas empresas,pois elas buscam atrair os melhores profissionais do mercado. Talento, pode ser aplicado a habilidade de fazer algo melhor do que a maioria dos mortais. Esse “algo” tem um caráter bastante específico tais como: jogar golfe, vender coisas, compor músicas, dirigir uma empresa e aparece cedo, antes de se revelar totalmente. É também inato: a pessoa nasce com isso, não há como adquiri-lo de outra forma.

Talvez alguém imagine que, na era da pesquisa genômica, não deveria mais haver dúvidas sobre o que exatamente é inato e o que não é. Uma vez que o talento é, por definição, inato, deveria haver um gene (ou genes) correspondente(s). O problema é que os cientistas não descobriram ainda a função de cada um dos mais de 20 mil genes. Tudo o que podemos dizer é que, no momento, não foi descoberto nenhum gene específico que identifique um talento em particular.Costumamos pensar que as celebridades do mundo empresarial devem possuir algum tipo de dom especial em sua área de atuação, mas as evidências mostram que tal idéia é extremamente enganosa.

Na verdade, a impressão muito forte que resulta do estudo dos primeiros anos de vida dos grandes astros dos negócios é exatamente o oposto disso, isto é, eles não manifestavam, aparentemente, indícios precoces de possuir algum talento que se pudesse identificar, tampouco davam qualquer indicação do que haveriam de se tornar. Basta considerar alguns exemplos mais notáveis: Jack Welch, eleito pela Fortune o administrador do século, não mostrava nenhuma inclinação específica para os negócios, nem mesmo quando já contava 20 e poucos anos. Welch foi uma criança muito boa no que fazia em sua cidade natal, Salem, no estado de Massachusetts. Tirava notas altas, embora “ninguém jamais tenha me acusado de ser brilhante”, diria ele mais tarde. Foi também capitão dos times de hóquei e de golfe nos tempos do antigo ginásio.
Seu histórico era suficiente para que fosse admitido em qualquer uma das melhores universidades do país, porém sua família não tinha os meios necessários para isso, o que o levou a estudar na Universidade de Massachusetts. Ele não se formou em administração, nem em economia, mas em engenharia química. Depois, foi para a Universidade de Ilinois e se doutorou também nessa disciplina. Aos 25 anos, idade em que começou a tomar mais contato com o mundo real, Welch ainda não sabia muito bem que direção seguir. Foi, então, entrevistado pelo corpo docente das Universidades de Syracuse e West Virginia. Por fim, decidiu aceitar uma oferta de trabalho em uma unidade de desenvolvimento do setor químico da General Electric. Seria uma tarefa muito difícil procurar, nessa época, algo na biografia de Welch que desse alguma pista de que ele se tornaria o administrador mais influente do seu tempo.

O fato é que não só os estudos, mas muita  determinação faz com que você consiga ser bem sucedido em qualquer área. Bill Gates é uma das pessoas mais ricas do mundo. Filho de advogado e professora, ele se matriculou na universidade de Harvard no outono de 1973. Apenas dois anos depois, ele desistiu da faculdade e fundou a “Microsoft” com seu amigo de infância, Paull. É evidente que os primeiros interesses de Gates o levaram diretamente à Microsoft. O problema é que nada na história permite entrever habilidades fora do comum. Como ele próprio fez questão de observar, uma multidão de jovens estava interessada nas possibilidades dos computadores naqueles dias. Havia uma legião de nerds em Harvard com plena consciência da revolução tecnológica em curso.Que pista havia de que Gates se tornaria o rei de todos eles? Resposta: nada em especial. Se analisarmos mais de perto a questão, veremos que o conhecimento que ele tinha sobre software talvez não tenha sido o dado mais importante para seu sucesso. As habilidades mais importantes foram sua capacidade de lançar um negócio e recorrer, em seguida, às múltiplas capacidades necessárias para administrar uma grande empresa.Um dos predecessores de Gates no ranking de homem mais rico do mundo, John D. Rockefeller, é um bom exemplo disso. De origem humilde, nascido na pobreza, Rockefeller trabalhou duro e se distinguiu, sobretudo, por ter sido sempre um homem sério e equilibrado. Contudo, conforme observa Ron Chernow, seu biógrafo mais conhecido, “sob muitos aspectos, John não tinha nada que o diferenciasse e o destacasse dos outros meninos. Anos mais tarde, quando surpreendeu o mundo, antigos vizinhos e colegas de escola tiveram muita dificuldade em se lembrar dele e só foram capazes de descrevê-lo de forma muito vaga”. Algo de que muitos conhecidos se lembravam bem era a firme decisão de John de se tornar rico. Afora isso, porém, segundo Chernow, “não havia nada fora do comum nos sonhos do jovem Rockefeller, uma vez que aqueles tempos alimentavam os sonhos de cobiça em milhões de estudantes impressionáveis”. A lembrança mais comum parece ser a de uma mulher que foi preceptora dos filhos de Rockefeller e que mais tarde recordaria: “Não me lembro de John se destacar especialmente em nada. Lembro-me, sim, de que ele se empenhava bastante em tudo o que fazia; falava pouco e estudava muito”.

Thomas Edison frequentou a escola apenas três meses em toda a sua vida. No entanto, não lhe faltou educação, tampouco morreu pobre. Herny Ford não chegou a completar a 6asérie, mas sempre se arranjou muito bem por conta própria em termos financeiros. O que eles tinham em comum, além de uma infância pobre e pouco estudos? A determinação, disciplina e persistência em estudar aquilo que mais lhe interessavam ciência e funcionamento mecânico das máquinas, respectivamente.

O que importa é que o conceito de talento para ''algo''não parece ser uma resposta muito promissora para a escolha de uma profissão. Temos de reavaliar nossas idéias sobre o papel dos talentos específicos e inatos. Discussões sobre a existência, ou não, desses talentos, é tarefa para a pesquisa acadêmica. O fato é que eles são, no mínimo, muito menos importantes do que imaginamos. Não parecem desempenhar aquele papel fundamental que costumamos lhes atribuir. Nem sabemos que papel, afinal de contas, desempenham.

Se você tem imaginação e procura uma maneira de almejar sua sustentabilidade econômica, capaz até de ser maior do que as ''profissões glamourosas'' tais como: médicos, advogados ou engenheiros, cuja formação exigiu vários anos de estudo a maneira mais lucrativa é transformar conhecimento em riqueza.

Por trás de uma boa idéia existe um conhecimento especializado. Não precisamos do ''talento'', mas da capacidade em materializar nosso pensamento, idéias ou conhecimento. Essa capacidade quer dizer imaginação, qualidade necessária à combinação de conhecimento especializado com idéias, sob forma de planejamento organizado com uma finalidade que consequentemente produzirá riqueza.


Pensamentos são criaturas e criaturas poderosas quando se misturam com propósitos definidos, disciplina e persistência se traduz em riqueza. Quando o poeta inglês Willian Henley escreveu ''Eu sou o Mestre do meu destino, eu sou o capitão da minha alma'', ele nos revela que vivemos o nosso desejo e nossa escolha seja na vida pessoal ou profissional.


















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