sexta-feira, 8 de março de 2013

Liquidez mental: Os impactos da internet na mente

A partir de exemplos neurológicos já conhecidos, o pensador, Kevin Kelly argumenta sobre os impactos da internet na mente. Ele argumenta, por exemplo, que, apesar de a rede nos ter tornado mais capazes de acessar o conhecimento, ela também é responsável pela ampliação da incerteza em relação à informação. Através de experiência própria, Kelly lança várias ideias sobre o modo como a rede está alterando o processo de pensamento. Ele afirma ‘’ Tudo o que eu aprendo está sujeito à imediata erosão’’. Isso define o que o pensador chama de ‘’liquidez mental’’, pois o pensamento tornou-se mais fluido. A mudança de opinião é mais constante e os extremos de interesse e desinteresse em relação a vários assuntos se ampliaram.

Kelly acredita que uma das consequências da internet na mente, é tornar mais tênue a fronteira entre o trabalho e o lazer. As pessoas não conseguem mais distinguir quando está trabalhando online de quando está se divertindo. Perdemos muito tempo com bobagens. A confluência do ‘’sério e do ‘’lúdico’’ é um dos grandes feitos da web.

Para o especialista em comunicação, Daniel Cabrera o conteúdo da web é um reflexo da memória, da imaginação e do pensamento humano. Segundo ele, menos do que moldar o nosso cérebro a internet seria moldada por ele. Cabrera sugere que as conexões seriam os nossos hiperlinks cerebrais, e a internet seria uma das formas de comunicação que mais se assemelha a nós próprios. Para ele criador e criatura se influenciam de forma parecida.

A internet trouxe uma mudança profunda não só no conteúdo das informações, mas também na opinião. Quem precisa de ‘’formadores de opinião’’ nos dias de hoje? A ampliação da incerteza em relação à informação é decorrente das várias opiniões em torno de um assunto que quase nunca chega a um consenso. O objetivo das grandes redes sociais é ser um palanque de debates de ''formadores de pitacos'' em diversos assuntos. A web é um imenso blá, blá, blá cheio de falsos entendidos no assunto, onde o que importa é apenas opinar. Portanto, nossa liquidez mental é decorrente da perca de tempo em mantermos conectados a assuntos, boatos, fatos e imagens alimentados por figuras que não sabem nada de nada, mas que querem opinar sobre qualquer coisa.

Será que grandes pensadores, pesquisadores e cientistas sofrem ou sofrerão dessa liquidez mental provocada pela web? È difícil imaginar Einsten, Platão, Freud, Miguel Nicolelis, Stephen Hawking, Richard Dawkins, e tantas outras personalidades do século XXI que contribuíram e contribuem para o progresso da humanidade em debates nas redes sociais.  

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