segunda-feira, 23 de julho de 2012

A sociedade está mais sensível?





Por mais que não tenhamos a intenção de ofender alguém nos tornamos uma sociedade dos ofendidos. Dizer a verdade é melhor do que mentir, por outro lado há pessoas que se sentem ofendidas com a verdade. Alguns dizem que a verdade é relativa e depende do ponto de vista de cada pessoa. A intenção da pessoa para tratar a verdade é o que realmente importa? Ou o uso da palavra é o que importa quando lidamos com a comunicação falada ou escrita? Há conotações ruins nas palavras? 


Com a expansão da internet e globalização divulgamos e compartilhamos ideias, opiniões, críticas, reclamações, sugestões e conhecimento. Isso provocou uma maior aproximação entre povos possibilitando o desenvolvimento de uma consciência global crítica. A profunda mudança econômica, científica e tecnológica que nossa sociedade moderna vem sofrendo tem estimulado o abandono dos valores tradicionais. Atualmente não existem critérios seguros para distinguir o justo do injusto, o bem do mal, o certo do errado, a verdade da mentira. Tudo é relativo e depende das circusntâncias e dos interesses em jogo. Não existem valores, apenas subjetividade. A sociedade está tornando-se menos rígida e mais aberta as diferenças individuais. 


A correção política é uma reação ao preconceito e estamos viciados em preconceito. As relações de poder e dominação habitam na linguagem. A política de intervenção sobre a linguagem representa uma ameaça a liberdade de expressão ou afirmação da dignidade humana? As pessoas são influenciadas e controladas pelo uso da informação. Quanto mais consciente e esclarecido estivermos sobre os usos da linguagem menor será a possibilidade de sermos controlados. Tratar qualquer problema ligado aos temas (sexo, cor e deficiência física) e rotulá-los como preconceituoso é um caminho que permite restringir a liberdade de expressão.  A nova elite dominante do mundo não governa pela posse dos meios de produção, mas pelo domínio da informação. Ela quer moldar nossa mente, valores e estilo de vida em prol do interesse de todos. 


O uso de legislações específicas e programas em defesa das ‘’vítimas’’ nos torna  intolerantes e mais facilmente ofendidos. O esforço contínuo em levar as pessoas a reconhecerem de que o uso de determinados termos ou expressões tem um efeito desumanizador sobre determinado grupo provoca mais ira e revolta na população. As características secundárias tais como: sexo, cor e deficiência física passaram a ser mais importantes do que a pessoa em si. O uso de estereótipos raciais e sexuais (palavras, imagens ou símbolos) para referir-se a determinados grupos pode gerar graves consequências tais como: indignação, repulsa, punição ou exclusão. 


Todos os preconceitos surgiram para compensar o sofrimento histórico de nossos antepassados. A lei que consagra os direitos das mulheres, negros, índios, gays e deficientes físicos não impõem sobre eles nenhuma obrigação decorrente do exercício desses direitos, isso os tornam juridicamente privilegiados podendo cobrar direitos, mas não podendo cobrar deles obrigações. Um exemplo, é a luta das mulheres pelo direito de igualdade com os homens. Em se tratando de indenizações e pensões as mulheres nunca querem estar em pé de igualdade com os homens. Geralmente, elas são sempre vítimas quando decidem processar seus parceiros. A lógica do casamento para muitos homens é sempre de perda e nunca de ganhos, principalmente quando a mulher é vista como aproveitadora e vingativa. O golpe da barriga é um dos recursos mais comum e praticado por muitas mulheres. Um outro exemplo são as cotas raciais que oferecem ‘’facilidades’’ aos afrodescentes excluindo outros indivíduos que disputam uma mesma vaga. Por outro lado, há os defensores das cotas sociais, no qual a análise da renda parece ser mais aceitável. Porém, há outra corrente que defende o mérito e o desempenho individual fundamental para ocupar as vagas nas universidades. As políticas de afirmação parecem ter gerado outros problemas na sociedade, porém não podemos esquecer que o cerne da questão resume-se basicamente a qualidade no ensino. Se todos tivessem direito a qualidade no ensino em escolas públicas não existiram tantas diferenças na formação do cidadão brasileiro.


Os direitos que devem ser assegurados aos negros, índios, mulheres e gays devem ser os mesmos que garantem a todos os seres humanos: o direito de expressão, o direito a educação, o direito a saúde, o direito de ir e vir, o direito à privacidade e a dignidade humana. As pessoas estão indo longe demais em suas exigências de direitos. Elas não querem apenas direitos querem respeito. È por isso, que assuntos como bullying que até bem pouco tempo era considerado inofensivo pode virar crime. Educar sem bater, amar sem bater e expressar-se sem ofender garantirá a dignidade da pessoa humana? Reprimir toda forma de violência é salutar para nossa sociedade? 


As pessoas se ofendem com qualquer coisa e acabam perdendo o limite do senso comum. Virou moda dizer que sofremos bullying na infância, conflitos no trabalho tornaram-se assédio moral, disciplinar os filhos sem palmadas e sem xingamentos, ser traído pela mulher e não poder bater e nem xingar. A hipocrisia de civilidade destruirá nossa sociedade, pois todo conflito é sempre um jogo de interesses. 


O respeito representa estima ao outro ou a uma entidade exigindo condutas representantivas ao respeitado. As ações de respeito são de importância fundamental para muitas culturas e pessoas, porém respeito não deve ser confundido com tolerância. È por isso que dissemos o jargão você precisa se dar ao respeito para ser respeitado. O desrespeito pode levar a diversas formas de violência, tanto física como verbal. Ser tolerante é aceitar que os outros pensem de maneira diferente de nós, sem termos que odiá-lo ou agredi-lo. 


Na tentativa de evitar o enfretamento e calar o preconceito criamos regras politicamente corretas para nos comunicarmos e educarmos. Tudo em prol do bem comum e inclusão social entre cidadãos. Logo, para isso é preciso utilizarmos a palavra adequada e menos conflituosa para tratar de assuntos polêmicos para não pareceremos insensíveis ao lidarmos com a verdade. Às vezes a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. 

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