quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Brasil oferece o pior serviço público por impostos arrecados


Todo brasileiro percebe que pagamos impostos altíssimos e vemos pouco retorno na aplicação de nossos impostos. O que era mera percepção agora foi comprovado. Um estudo do IBPT-Instituto Nacional de Planejamento Tributário mostra que o Brasil é um dos países que pior usa o dinheiro que arrecada dos contribuintes. Nossa carga tributária é uma das maiores do mundo, porém o retorno que os governantes oferece a população em serviços e melhoria da qualidade de vida é menor se comparado aos demais países. ´

O IBTP utilizou o total de impostos arrecados em 2009 que correspondeu a 34,41% do PIB-Produto interno Bruto e do IDH- Índice de Desenvolvimento Humano IDH do mesmo ano que era de 0,087. O IDH varia entre zero e um. Quanto mais perto de um, mais desenvolvido é o país. Através, desses dados o IBPT calculou o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade -IRBES. Este indicador é uma das ferramentas do instituto para medir o quanto a população de um país é beneficiada por serviços custeados pelos impostos pagos.

O Brasil está em 30º lugar, atrás de países europeus e dos vizinhos Uruguai (13º) e Argentina (16º).Segundo o estudo, o país que melhor investe o dinheiro arrecadado são os Estados Unidos. Com uma carga tributária equivalente a 24% do PIB em 2009 e um IDH de 0,950, o país obteve o maior índice de retorno de bem estar. Veja na tabela abaixo os melhores e os piores países no gasto do dinheiro arrecadado.

PaísCarga Tributária (%PIB)IDHRanking
EUA24%0,950
Japão25,30%0,956
Irlanda27,90%0,960
Coreia do Sul25,80%0,928
Austrália30,68%0,965
Bélgica43,20%0,94826º
Itália43,50%0,94527º
Dinamarca44,20%0,95228º
Hungria39%0,87729º
Brasil34,41%0,80730º

O Financial Times cita uma estimativa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) de que a corrupção custa ao país cerca de 2% do PIB. Apesar da alta carga tributária no País, que incide sobre rendimento, consumo e a movimentação econômica, o brasileiro é o cidadão que tem os piores serviços públicos em proporção aos impostos que paga. Por outro lado, muitos brasileiros não se sentem incomodados diante dessa situação.

Os chilenos há três meses protestam investimentos na educação. Nós, brasileiros fomos na ‘’onda’’ dos chilenos. Estamos fazendo a marcha pela educação, pleiteamos em nosso protesto que 50% do Fundo Social do Pré-sal e 10% do PIB sejam aplicados na educação. A aproximação dos jovens chilenos e brasileiros é salutar, no que diz respeito a importância de protestar. Porém, o protesto do brasileiro em questões importantes para a sociedade é decorrente de um ‘’boom’’ oriundo não sabe-se de onde e nem como que empurra os jovens brasileiros a irem as ruas protestar. Relembremos os anos 90 que levaram jovens brasileiros as ruas no protesto Fora Collor, devido as denúncias de corrupção feita pelo irmão de Collor. Será que o movimento surgiu de um grupo de estudantes indignados com a corrupção de um Presidente?

Não há como negar que o estudante brasileiro para aderir a um protesto necessite de um empurrãozinho da mídia. Depois de lerem em vários jornais sobre a postura do brasileiro em protestar a mídia publica que o brasileiro faz marcha da maconha, marcha hetero, parada gay e quase não se vê uma marcha em prol de algo mais digno, tal como é a educação, saúde, saneamento, transporte, impostos, etc.
O que pensaria a presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile, Camila Vallejo a respeito da geração cara-pintada e do eleitor brasileiro?

Se algum estudante brasileiro contasse aos estudantes chilenos a respeito da geração cara-pintada é provável que a musa dos estudantes chilenos não quisesse participar da marcha pela educação brasileira. Os caras-pintadas foram as ruas reivindicando o impeachment do Presidente Fernando Collor muitos nem saibam ou entendiam, mas estavam nas ruas com a cara-pintada. Passado algum tempo o ex-Presidente volta ao cenário político como Senador. Como ele foi reeleito? Talvez algum cara-pintada o elegeu, porque não se recorda sobre o que protestava nos anos 90. Basta perguntar aos estudantes brasileiros em quem eles votaram nas últimas eleições e o que tem feito seu candidato eleito. Muitos estudantes não saberão responder.

Nas eleições de 2010 tivemos o Tiririca, um candidato a deputado que mais votos teve em todos os estados do Brasil. O lema da candidatura era "O que faz um deputado federal? Eu não sei, mas vote em mim que eu te conto". Após eleito o candidato passou pelo teste para saber se era analfabeto ou não. Um parecer técnico apontou que o deputado é analfabeto funcional. Ou seja, ele tem dificuldade para interpretar o que lê.Segundo o laudo, no ditado, das dez palavras, Tiririca acertou apenas duas.

Na vida social o brasileiro é contraditório vai as ruas protestar por impeachment ao Collor, mas nas últimas eleições elege o mesmo indíviduo. Faz marcha em prol da educação, mas não reconhece o valor dos estudos como agente transformador de mudanças. Não se preocupa em quem elege, mas reclama da corrupção e do atendimento do serviço público. O engraçado é que o brasileiro sempre que procura o serviço público alega que o servidor público é incompetente ou que trabalha pouco e ganha muito. E os políticos que elegemos são competentes e trabalham muito? O serviço público é o reflexo da política brasileira.

Vamos acompanhar por quanto tempo vai durar a marcha pela educação e qual(is) governantes não atenderão a reivindicação dos estudantes. Alguém dúvida que o governante contrário as reivindicações dos estudantes será reeleito nas próximas eleições? Será bem provável que o mesmo governante aprove um novo imposto para financiar a sáude. Talvez, na próxima eleição Tiririca lance o slogan da sua campanha: ‘’serviço público, pior que tá não fica.’’ Sendo assim, cada povo tem o governo que merece.
fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-e-o-pais-que-pior-investe-dinheiro-de-impostos
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