terça-feira, 30 de agosto de 2011

A insatisfação reina entre trabalhadores brasileiros



A pesquisa da Latin America Coordinator da Right Management com 5.685 trabalhadores de diferentes faixas etárias, formação educacional e áreas de atividades. Do total de entrevistados 52% demonstram algum tipo de insatisfação com o emprego. As mulheres lideram o ranking. A inquietação da juventude fica explícita no estudo que aponta os jovens entre 20 e 25 anos como os mais descontentes. Por outro lado, quanto maior a escolaridade maior a satisfação profissional. Os autônomos e sócios de empresas demonstram maior contentamento com a atividade laboral.

A coordenadora do estudo Elaine Saad explica que a pesquisa apresentou apenas uma pergunta aos entrevistados "Você é feliz no seu trabalho atual ou na sua última ocupação?". Foram cruzados dados pessoais e demográficos dos voluntários em todos os estados brasileiros. Os cearenses são os mais satisfeitos, com 88% da amostra. O Mato Grosso do Sul e a Paraíba dividiram o maior índice de insatisfação, com 67% e em São Paulo os insatisfeitos lideram, com 86%. Enquanto mais da metade (54%) dos pernambucanos entrevistados demonstra satisfação no emprego.

Segundo Elaine, os resultados sinalizam as possíveis causas da insatisfação do trabalhador brasileiro. Entre elas está o ambiente trabalho. "Às vezes as pessoas gostam do emprego, mas não se adequam ao ambiente de trabalho", diz. A falta de reconhecimento da chefia imediata pode ser apontada como outro motivo de descontentamento. Outra fonte de infelicidade citada pelo trabalhador é a ausência de investimento das empresas em cursos de especialização e de idiomas para o corpo funcional. A política interna de promoção e premiação é outro motivo de insatisfação porque nem sempre contempla todos os trabalhadores. Há sempre àquele que se sente injustiçado.

Em  outro estudo feito pela holandesa Philips em 23 países com mais de 30 mil pessoas aponta que o brasileiro é o segundo mais insatisfeito com seu emprego e salário. Perdendo apenas para o Japão. Apesar da redução do desemprego e do aumento da renda do trabalhador barsileiro, isso não significa que o brasileiro esteja contente com seu trabalho.

Enquanto a média mundial de insatisfação com o trabalho está em 9%, no Brasil ela é de 31%. Apenas o Japão, com índice de 41%, detém a pior marca nesta comparação. Na Turquia, por exemplo, 45% dos trabalhadores estão satisfeitos em seus respectivos empregos.Quanto ao salário, cuja média mundial é de 20%, o Brasil também aparece entre os primeiros que não se encontram em uma situação satisfatória com o rendimento recebido por mês.Com índice de 45%, o Brasil empata com Taiwan e só perde para o Japão, que mais uma vez aparece na liderança do ranking, com 67% de insatisfação. A Turquia também aparece novamente em primeiro entre os países que apresentaram resultados positivos: 46%.

O relacionamento entre colegas de trabalho e chefe também foi abordado na pesquisa. Nesse quesito, apenas 6% dos trabalhadores brasileiros revelaram ter alguma relação difícil com os demais funcionários ou o chefe. Nos EUA, por exemplo, essa taxa foi de 15%, enquanto no Japão, novamente líder, o resultado atingiu 32%. De acordo com a Philips, a média mundial desse tópico ficou em 1%. Em geral, as mulheres brasileiras apontaram índices mais baixos de satisfação com o trabalho (40% das mulheres estão satisfeitas, contra 48% dos homens) do que os companheiros do sexo masculino.

A perda do emprego é o tema mais apontado para o estresse do trabalhador brasileiro, atingindo 73% das pessoas, seguida de outras questões financeiras, como honrar compromissos e contas, além de ter dinheiro para poupar. Segundo a Philips, o fator emprego, por si só, é estressante para 65% dos entrevistados.

Há muita insatisfação entre os jovens de 20- 25 anos de idade, pois eles não têm tão forte a cultura de dedicação à empresa, com longas jornadas semanais de trabalho, como na geração anterior. Quanto aos motivos da insatisfação 2/3 dos entrevistados afirmam o estresse, não conseguir dormir o suficiente. Em São Paulo a insatisfação dos entrevistados apontam o estresse com o trânsito. Para tanto, algumas empresas paulistanas tentam amenizar o problema contratando trabalhadores que moram próximo ao local de trabalho. A tarefa não é fácil, mas algumas empresas vêm reconhecendo que o cansaço no trânsito afeta o bom desempenho do trabalhador.

Com as novas exigências dos empregadores cresce a cobrança por mais resultado, sendo assim os funcionários são obrigados a competir. Além disso, com o aquecimento da economia aumenta-se o número de fusões e aquisições entre empresas. Isso aumenta ainda mais o estresse para o funcionário, devido a possibilidade de demissões, mudanças de chefia e cultura organizacional.

Uma revelação interessante da pesquisa da Right Management, em sintonia com as avaliações dos especialistas em saúde mental, é a menor parcela de insatisfeitos entre os que trabalham por conta própria. A fatia de angustiados cai a 40% entre autônomos e 26% entre os donos do próprio negócio, níveis bem inferiores aos 48% da média geral.

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