sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Do MOBRAL ao Analfabetismo funcional



O MOBRAL- Movimento Brasieliro de Alfabetização, foi o o modelo de ensino mantido pelo Governo Federal durante a ditatura militar. Esse modelo propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando conduzir a pessoa a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida. Porém, esse modelo era limitado, pois não oferecia uma formação educacional abrangente. Ou seja, no MOBRAL bastava saber  ler, escrever e contar e a pessoa estava apta a melhorar de vida.

O MOBRAL não exigia freqüência e a avaliação era feita em 2 módulos, uma ao final do módulo e outra pelo sistema de educação. O fato de não exigir freqüência possibilitava o elevado índice de evasão que se estabeleceu neste nível. A recessão econômica iniciada nos anos 80 inviabilizou a continuidade do MOBRAL que demandava altos recursos para se manter.

O projeto MOBRAL foi baseado nos interesses políticos vigentes da época. A metodologia de ensino era uma espécie de culto de obediência as leis. A idéia do programa era vamos ensinar, mas nem tanto. O Programa de Alfabetização Funcional apresentava seis objetivos:
1. desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e contagem;
2. desenvolver um vocabulário que permita o enriquecimento de seus alunos;
3. desenvolver o raciocínio, visando facilitar a resolução de seus problemas e os de sua comunidade;
4. formar hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho;
5. desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as condições de vida, aproveitando os recursos disponíveis;
6. levar os alunos:
- a conhecerem seus direitos e deveres e as melhores formas de participação comunitária;
- a se empenharem na conservação da saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar e da comunidade;
- a se certificarem da responsabilidade de cada um, na manutenção e melhoria dos serviços públicos de sua comunidade e na conservação dos bens e instituições;
- a participarem do desenvolvimento da comunidade, tendo em vista o bem-estar das pessoas (CORRÊA, 1979, p. 152). fonte:
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb10a.htm

No Brasil, a partir da década de 90, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) passou a utilizar uma definição operacional para alfabetização funcional, seguindo recomendações da UNESCO, como o domínio de habilidades em leitura, escrita, cálculos e ciências, em correspondência a um determinado número de anos de estudos. Pelo critério adotado, no Brasil são consideradas analfabetas funcionais (AFs) as pessoas com menos de quatro anos de estudo.

Segundo, dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em uma pesquisa feita em 2009 revela que um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional. O IBGE aponta que 20% dos brasileiros não conseguem compreender textos, enunciados matemáticos e estabelecer relações entre assuntos, apesar de conhecerem letras e números.O problema do analfabetismo funcional tem se tornado cada vez mais grave no Brasil. È preciso criarmos novas práticas de aprendizagem e melhorar a capacitação dos professores.

A falta de compreensão do funcionário em elaborar e compreender textos e números reflete diretamente nos negócios das empresas. Em razão do analfabetismo funcional as empresas investem em treinamento de seus funcionários, porém nem sempre esse investimento transforma-se em retorno, pois parte dos funcionários treinados não entendem a mensagem transmitida e isso prejudica a produtividade da empresa.

Uma escolarização mal-feita acaba gerando um analfabeto funcional diplomado. Atualmente, o governo vem dando importância em aumentar o número de brasileiros com ensino superior a qualquer custo. Infelizmente, o Brasil está optando pela quantidade e não qualidade na formação escolar da população.

Não incentivamos a população à leitura, nem a melhorar demais habilidades tais como: raciocíonio lógico, criatividade, inteligência emocional, capacidade de relacionar a disciplina com contexto atual, etc. Várias pesquisas apontam a dificuldade do brasileiro com a Língua Portuguesa e a Matemática. As letras e os números estão presentes no dia-a-dia de qualquer cidadão brasileiro.

A polêmica em torno da cartilha do MEC- Ministério da Educação e Cultura, com o objetivo de ensinar a escrever e falar errado para não constranger o cidadão. A proposta da cartilha é evitar o preconceito linguistico de quem fala e escreve errado. A mais nova pesquisa aponta a dificuldade do brasileiro com a Matemática. Dados apontam que o brasileiro tem dificuldade com as operações simples tais como: somar e subtrair. È provável que o MEC-Ministério da Educação e Cultura lance uma nova cartilha ensinando a Matemática aplicada nas ruas. Será que pretendem ensinar que 2+2=5 e 10-8= 5? O MOBRAL ainda existe só que com o nome de analfabetismo funcional.

Portanto, só nos resta cantar a música MOBRAL do Herbet Vianna.
Do que adiantam?
Placas. Bulas, instruções...
Do que adiantam?
Letras impressas das canções...
Do que adiantam?
Gestos educados, convenções...
Do que adiantam?
Emendas , constituições
Se o teto da escola caiu
Se a parede da escola sumiu
Sem dente o professor sorriu
Calado recebeu dez mil
E depois assistiu na Tevê
Em cadeia para todo Brasil
O projeto, a tal salvação
Prestou atenção e no entanto não viu
A merenda, que é só o que atrai
A cadeia para qual o rico vai
Despachantes, guichês, hospitais
E os letreiros de frente pra trás
Aos olhos de quem
Só aprendeu o bê-á-bá
Pra tirar carteira de trabalho
E não entendeu Zé Ramalho cantar
Vida de gado
Povo marcado
Povo feliz



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