
Muito se comenta que ao anular o
voto não se tem mais a justificativa moral para reclamar. O voto nulo já é a
reclamação prévia. Poderíamos ir adiante. Voto nulo é mais uma das reclamações
de quem já anda, há muito tempo indignado. O voto nulo não é a manifestação
política; para esse eleitor, a ilusão de que votar resolve alguma coisa já está
na missa de sétimo dia. O voto nulo é de fato um desabafo que ninguém escuta já
que nenhum político se importa de fato com a população. Mas o voto válido não é
exatamente o oposto. O apelo escancarado
para votar válido existe, pois desta forma, o indeciso, pelo caminho mais
fácil, vai acabar escolhendo alguém que está bem nas pesquisas encomendadas,
pois esta é a mesma pessoa que vota válido por medo de “desperdiçar” o voto e
vai acabar favorecendo o candidato que apenas possui mais recursos de
propaganda eleitoral. Vai descobrir que sua escolha foi péssima (e seu voto
desperdiçado) quando for assistir aos telejornais e suas reportagens, com
câmeras escondidas ou quando tentar ser atendido em um hospital público.
Não importa o que diz o artigo 224
da Constituição de 1965 ou o artigo 77 da Constituição 1988. Na verdade não
importa muito as lei no Brasil quase sempre sujeitas a (re)interpretações
temporais. Poderíamos ficar em debates eternos sobre o caráter normativo de
cada um. O problema dos votos válidos vs. nulos não é o risco jurídico de ter
que realizar novas eleições, mas a repercussão internacional de um governo sem
apoio popular e principalmente sem a perspectiva de apoio popular a curto e
médio prazo. A fuga de investimentos e o aumento dos índices de risco são
conseqüências diretas. Nesse âmbito é de impressionar a pró-atividade e
eficiência do governo em solicitar campanhas de divulgação sobre a inutilidade
do voto nulo. Nem parece órgão público. A campanha não é para o eleitor avaliar
a idoneidade do candidato e suas propostas, caso fosse, era possível que
aumentasse ainda mais o número de eleitor votando nulo.
Muito se comenta sobre os bons
candidatos que poderiam ser eleitos e os maus candidatos derrotados se não
houvesse os votos nulos. Quantos candidatos corruptos se elegeram e honestos
deixaram de se eleger com os votos nulos? Não mais do que os que se elegeram ou
não com os votos válidos. Não há garantia de que se todo mundo que votasse
nulo, passasse a votar válido, algo iria melhorar. Os votos nulos e brancos
nunca mudaram o curso da história no Brasil, porque os votos por si só nunca
tiveram essa força e propósito. O atual prefeito de Salvador; eleito em 2004 e
reeleito em 2008, João Henrique rebaixou a cidade de Salvador a uma das piores
capitais do Brasil obtendo o índice histórico de reprovação de 79% e por duas
vezes o título de pior prefeito (Fonte IBGE). Tomar posse e cruzar os braços
não resolve. Descrente e cansado de ser enganado, o eleitor passa a buscar
resultados, e tomando esse critério como referência; infelizmente teremos que
colocar intelectuais, jogadores de futebol, músicos e todo resto do circo que
almeja se instalar em Brasília no mesmo patamar, o de resultado nulo.
Muito se comenta que ao anular o
voto estaríamos querendo nos isentar da culpa dos problemas sociais. O caminho
do sucesso também passa por não fazer maus negócios. Ter como única opção e ser
obrigado a escolher entre ser roubado por um comediante ou uma garota de
programa não é democracia; assim como também não é democracia votar em um
cidadão engravatado que se apresenta como uma solução prática dos seus
problemas quando na verdade é tão ou mais palhaço que o comediante e tão ou
mais vendido que a garota de programa. Aliás, culpar o eleitor, tendo ele
votado nulo, branco ou válido por um Mensalão e os demais desvios, é o mesmo
que culpar uma mulher espancada por ter casado com o “homem errado”. Começa-se com a sedução para se ganhar
confiança depois se mostra a verdadeira face.
Depositar todas suas esperanças
em um voto é o mesmo que depositar todas suas esperanças em um bilhete da
Mega-Sena; é querer uma solução rápida para tudo com pouco esforço. É
ingenuidade. Tão conveniente quanto votar nulo baseado em qualquer ideologia, é
votar válido porque alguém te disse que do contrário seria um desperdício. Muito
se pergunta “de que adianta votar nulo?”. Mas a pergunta que fica no ar é “de
que adianta votar válido?”.
Nos povo brasileiro concordamos: https://www.youtube.com/watch?v=j97aqzB5Zi8
ResponderExcluirAfirmar que os candidatos honestos escolhem os partidos pequenos para não se misturar aos ''porcos'' é meio difícil de acreditar nisso, ou seja impossível. Não basta ser honesto é preciso ter inteligência e estratégia para quebrar o '' sistema''. O mundo é criado por regras, sistemas e imposições. O honesto não poderia ''fingir'' para se infiltrar no sistema? Conheça as regras e mude o sistema. Essa é a lei universal. Se o partido pequeno não se mistura ou faz ''coligação'' com os mais fortes. È preciso desenvolver uma estratégia para atingir um maior número de votos. Para os candidatos de partidos menores é mais fácil culpar o sistema político eleitoral brasileiro. Sim, ele é injusto. E aí? È mais fácil fazer uma reforma política ou criar uma estratégia para angariar mais votos? O mundo é feito de escolhas, mas escolhas inteligentes.
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